Instrumentação rotatória intuitiva

As limas rotatórias de níquel titânio (NiTi) têm sido um componente chave da terapia endodôntica por quase 30 anos. Temos visto várias limas serem introduzidas, múltiplas técnicas rotatórias desenvolvidas e enormes esforços de marketing promulgados ao longo das décadas. Além de conceitos básicos como o design de limas e protocolos, vimos também a introdução de ciência avançada de materiais e metalurgia. Consequentemente, é um momento apropriado para avaliar alguns desses avanços. Entretanto, antes de discutirmos tratamentos mais específicos da metalurgia, uma revisão básica do design geral de limas rotatórias é necessária.

Design não cortante

A grande maioria das limas rotatórias são usinadas, não torcidas. A maioria das limas rotatórias comerciais tem designs que criam um engajamento significativo contra as paredes dentinárias. No entanto, há uma série de limas que tentam reduzir este engajamento através de um engenhoso design não cortante. O design cego ou não cortante é muito importante porque influenciará a flexibilidade da lima e a resistência lateral. O movimento foi afastado das superfícies radiais espessas que se atritam contra as paredes do canal para um desenho de escareador (triangular) ou algo semelhante (forma anatômica) sem superfícies radiais. Isto resulta em maior eficiência de corte.1 Além disso, depois que várias patentes das limas rotatórias NiTi expiraram, houve um aumento significativo no número de sistemas rotativos usando vários desenhos não cortantes, tanto globalmente como nos Estados Unidos.

Na Endodontia, o advento da incorporação da liga de NiTi nos instrumentos endodônticos revolucionou a prática clínica da especialidade. As principais características desse material são a sua superelasticidade e a sua memória de forma, que permite a utilização de instrumentos mais robustos mesmo em canais radiculares com maiores complexidades anatômicas.

Isso contribuiu muito para que o cirurgião-dentista pudesse fazer um maior preparo interno que não só atinge apenas as paredes dos canais, como também eleva a eficácia do condicionamento químico das soluções irrigadoras. Junto a isso, aderiu-se o uso destes instrumentos com acionamento a motor, o que adicionou rapidez, porém, trouxe alguns riscos. Todavia as novas peculiaridades dessa abordagem são previsíveis se forem contempladas e praticadas da forma correta.

Assim, a tecnologia abriu um novo campo de trabalho para o endodontista, dando a ele a oportunidade de incluir uma instrumentação mecanizada cada vez mais moderna, que traz não só conforto para o paciente durante o tratamento, tornando-o mais rápido e eficiente, como para o profissional durante o atendimento.

Nos aspectos evolutivos da endodontia encontra-se o desenvolvimento da instrumentação mecanizada baseada em dois tipos de movimentos: o rotatório e o reciprocante.

É muito comum ter dúvidas sobre qual desses métodos escolher na hora de realizar o tratamento endodôntico. No entanto, a resposta para esta pergunta é simples: as duas técnicas podem, e devem, ser utilizadas.

Contudo, é importante destacar que o rotatório e o reciprocante são formas de mecanizar o preparo endodôntico, girando continuamente a lima ou fazendo ciclos de ataque e recuo dentro do canal radicular.

O propósito e o tipo de movimento, assim como na segurança proporcionada pelas técnicas, têm muita utilidade no dia a dia de um consultório. O rotário apresenta uma rotação contínua em 360°, enquanto que o reciprocante é alternado e realiza um movimento oscilatório assimétrico. Sendo assim, o avanço em um sentido é maior do que no outro.

O movimento rotatório costuma ser mais eficaz em termos de velocidade de corte, uma vez que formata de maneira mais rápida. Por outro lado, por ser mais agressivo, tem menos segurança, o que é basicamente unânime na literatura. Com isso, o movimento reciprocante tem um ganho significativo neste quesito. O corte é mais demorado, visto que você precisa de alguns ciclos de ataque e recuo para promover uma volta de 360˚.

Quando usar as técnicas rotatória e reciprocante?

Nem todos os casos precisam ser tratados com a técnica reciprocante. Pode-se adotar a cinemática rotatória como regra em casos de menor complexidade anatômica e utilizar a cinemática reciprocante quando se diagnostica um caso de maiores obstáculos no preparo, como canais atrésicos, maiores graus curvaturas e/ou menores raios de curvatura.

O bom uso das diferentes cinemáticas tem ainda a vantagem de resultados mais previsíveis e favoráveis. Assim, vale seguir o seguinte raciocínio: use o rotatório quando puder e o reciprocante quando for necessário. A dicotomia absoluta entre as cinemáticas não deve existir. O clínico deve ter a consciência que pode usufruir do “melhor dos dois mundos”.

Atualmente, o mercado da Odontologia oferece infinitas opções de motores e de sistemas mecanizados. Pelo aumento significativo de resistência à fadiga cíclica, muitos sistemas reciprocantes são de instrumento único.

É de grande importância considerar, ainda, que independente dos instrumentos de escolha, deve-se sempre respeitar os fundamentos anatômicos do sistema de canais radiculares. Assim, cabe ao profissional entender a proposta de cada sistema de preparo e decidir qual deles se aplica melhor à sua metodologia de trabalho. De fato, o profissional que sabe usar a instrumentação mecanizada se diferencia


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